domingo, 28 de junho de 2015






March Hare: 
"— I have an excellent idea! Let's change the subject!"

March Hare: 
"— Tenho uma excelente ideia! Vamos mudar de assunto!"








— Não a encontrará, se encontrar, eu mesmo me prontifico para ir até a rainha e ter minha cabeça cortada — garantiu Mad, olhei-o estupefata, ele continuou encarando Stan friamente.
Stan sorriu, divertido com a hipótese de Mad perder a cabeça, literalmente. Ele levantou a mão e todo o exército de cartas deu meia volta, os rapazes suspiraram aliviados, inclusive Cat, que ainda estava embaixo da mesa. Stan continuou encarando Mad friamente, com um sorriso endiabrado nos lábios.
— Ah, será uma cena memorável, Mad Hatter perdendo a cabeça — Stayne se vangloriou, todos os que estavam à mesa riram, até mesmo eu.
— Coitadinho, mal sabe ele que Mad já perdeu completamente a cachola — guinchou Cat, morrendo de rir embaixo da mesa.
— Cale-se, idiota! — gritou Stan. — Eu estou falando no sentido literal, físico. Aliás, todos vocês já perderam a cabeça no sentido metafórico.
— Vamos cantar! — gritou March de repente. White, Mad e até mesmo Cat se empertigaram e logo começaram a cantar uma versão distorcida de Twinkle, Twinkle, Little Star.
— "Twinkle, twinkle, little bat, how I wonder what you're at! Up above the world you fly, like a tea-tray in the sky!" — eles cantaram em coro.
— Vocês são completamente loucos! — gritou Stan, quase puxando os próprios cabelos de tão irritado, eu não pude fazer nada a não ser rir.
— Ora essa, eu tive uma grandessíssima ideia! — berrou March ao final da música. — Oh, não. Vamos mudar de assunto!
— Mas a música estava adorável, alguém quer mais chá? — perguntou Mad, enchendo a xícara de White de chá, mas a xícara estava com o fundo furado e o chá se espalhou por toda a mesa, March caiu na gargalhada.
— Colher! — gritou March, arregalando os olhos para a colher que ele segurava, ele aparentava estar aterrorizado com aquele utensílio, o que me pareceu bizarro e mais engraçado ainda.
— Colher? O que tem a colher, March? — perguntei divertida.
— Colheres são medonhas — cochichou Mad, March atirou a colher longe, na direção de Stan, que se revoltou e foi embora xingando, todos bateram palmas e eu acompanhei o grupo batendo palmas também.
— Quando os gatos se vão, os ratos fazem a festa! — comemorou White.
— Ei! Péssimo trocadilho — resmungou Cat, saindo de debaixo da mesa e voltando para a sua cadeira.
— Você não tem direito a reclamar, seu gato medroso — brigou Mad, March atirou um pires de porcelana em direção a Cat, mas ele desviou a tempo.
— Vocês são loucos — resmungou Cat, todos começaram a rir, inclusive eu. Acho que loucura é algo contagioso, ou talvez a normalidade é que seja uma doença.
— Vamos nessa, temos pouco tempo para mandá-la para casa — disse White, levantando-se relutante de sua cadeira.
— Vamos acompanhá-los, não suporto a ideia de deixar a senhorita Allin sozinha com dois loucos — prontificou-se Mad, March gritou algo em concordância e arremessou um garfo em minha direção, Mad me empurrou para o lado e eu consegui me safar das pontas afiadas do talher.
— Ufa, foi por pouco! — murmurei surpresa, March caiu na gargalhada, aquela risada insana e contagiante.
— Olha quem fala, o homem que tem como nome "Louco" — debochou Cat, jogando um biscoito amanteigado na boca.
— Vamos de uma vez, não temos o dia inteiro — reclamou White, todos se puseram de pé rapidamente, inclusive eu.
— Bem, então o que faremos? Como vou voltar para casa? — perguntei intrigada, os rapazes suspiraram tristemente e eu me senti péssima, não queria ir embora, passei tão pouco tempo com eles e já me apaixonara por cada um.
— Você tem que dar à volta ao mundo, quer dizer, ao País das Maravilhas — explicou White, se antecipando na frente de todos e descendo a campina verde e bonita. — Então temos que correr.
— Caramba, sorte sua que nosso País é pequeno — brincou March.
Seguimos White pela campina, ao olhar para trás percebi que March estava trazendo um bule de chá e Cat trazia um pratinho com biscoitos amanteigados, peguei dois biscoitinhos e corri para acompanhar Mad e White, Mad pegou um dos meus biscoitos e o jogou na boca, não contive um sorriso apaixonado.
O caminho continuou pela grande campina, o tempo estava ficando curto, mas nós cinco continuamos brincando ao longo do caminho, apenas White estava tenso com o curto prazo que tínhamos, a todo instante ele consultava seu relógio de bolso, como quando me encontrou pela primeira vez. 
O sol estava quase se pondo quando entramos em uma floresta densa e escura, eu me lembrei de Cater Pillar, acho que isso contribuiu para que uma névoa tomasse algumas partes da floresta, March e Cat, que estavam para trás, correram para nos alcançar, com receio de se perderem.
— Opa, voltamos à Floresta Densa, senhorita Allin — avisou White. — Devo admitir que antes que o previsto, Cater está conspirando ao nosso favor.
— Meu velho amigo!!! — gritou March e saiu correndo em direção ao cogumelo mais alto.
Assistimos com diversão a luta que March teve para escalar o cogumelo gigante e sentar-se ao lado de Cater Pillar, mas, ao contrário do que eu pensava, ele não se referia ao Cater quando chamou pelo melhor amigo, mas sim ao narguilé que ele tomou da mão dele com agilidade, Cater revirou os olhos com irritação, mas deixou que March se divertisse com a fumaça.
— Menina Allin, você de novo. Creio que está bem perto de sua decisão final — disse Cater voltando seus olhos vidrados para mim.
— Sim, eu também creio, embora não esteja feliz com isso — resmunguei encarando os meus próprios pés.
— É claro que não está, obviamente o País das Maravilhas e a maioria das pessoas que o habitam são boas demais para deixá-las, não é mesmo? Aqui os corações são mais receptivos que no seu mundo, estou certo? — Cater sorriu de forma dramática, olhando de mim para Mad, eu fiquei vermelha como um pimentão, Mad sorriu envergonhado.
— Ora, deixe de tolice, Cater. Temos até o pôr do sol para levá-la embora, ou a Rainha Vermelha lhe cortará a cabeça — interpôs White, Cater bufou.
— White, estou tentando mudar a opinião da menina, será se poderia se calar? — irritou-se Cater, White inflou e ficou vermelho, mas não de vergonha e sim de raiva.
— E eu estou tentando mantê-la viva, para começo de conversa, se ela ficar não percebe o quanto de problemas criará? Talvez não seja a hora, ano ou década certa para estar conosco — rebateu White, Cater balançou a cabeça, concordando pensativo.
— Em todo caso, estou preparando o terreno para quando ela retornar — falou Cater.
— Irei retornar? — perguntei esperançosa.
— Ela irá retornar? — perguntaram March, Mad e Cat, em tons esperançosos iguais aos meu.
— Quem sabe... Algum dia, talvez — murmurou Cater, misterioso e orgulhoso de si mesmo. — Mas isso não vem ao caso, como meu querido amigo White fez questão de gritar a plenos pulmões, estamos tentando manter a menina viva, então vão de uma vez — ordenou Cater, balançando a mão.
Como em um passe de mágica toda a névoa branca que cobria a trilha se esvaiu lentamente, voltando para dentro do narguilé, que agora retornara para a mão de Cater, deixando March desolado.
— Até logo, Allin Broke. Da próxima vez que nos vermos, eu espero que você esteja um pouco menos tola — despediu-se Cater, acenei com a mão.
— Não que eu seja tola agora — resmunguei seguindo White pela trilha de terra úmida.
— Eu ouvi isso, menina. Para mim continua sendo tola — gritou Cater.
— É o que veremos — rebati dando de ombros, ouvi a risada melodiosa dele à medida que me afastava com White, Mad, Cat e March em meu encalço.
Andamos em silêncio por dois segundos, até Mad aparecer ao meu lado com um gigantesco sorriso nos lábios, ele parecia contente, foi inevitável não sorrir com ele.
— Você vai voltar, isso é reconfortante — ele falou docemente, então segurou minha mão e levou-a aos lábios para beijar, quase me derreti.
— Se fosse possível, eu nem iria mais para casa — murmurei tristemente, mas ainda sorrindo.
— Mas você vai voltar, foque no lado positivo — ele riu, White ia a nossa frente e eu pude ouvir ele rir também.
Depois disso, Cat agarrou no meu braço oposto ao que Mad segurava minha mão, March e White seguiram na frente e todos nós andamos em um silêncio confortável, quebrado algumas vezes por March cantarolando a versão distorcida de Twinkle, Twinkle, Little Star.
Quando avistei uma porta minúscula no meio do nada, meu corpo inteiro ficou gelado. Eu não queria ir embora.
Todos paramos em frente à porta, havia uma mesa ao lado dela e em cima da mesa havia um bolo pequenino e uma garrafa minúscula de um líquido transparente, White pegou os dois e ofereceu a garrafa para mim.
— Querida, você irá beber isso para conseguir atravessar à porta, do outro lado você irá comer um pedaço bem pequeno desse bolo. Quando você estiver do tamanho normal, feche os olhos e se imagine em seu quarto — explicou White pausadamente, assenti com a cabeça e suspirei desconsolada.
— Eu não queria voltar — murmurei tristemente, White comprimiu os lábios, ele também parecia muito desolado.
— Você vai voltar — ele murmurou, mas parecia lembrar mais a si mesmo do que a mim. — Você vai voltar, senhorita, e nós estaremos aqui, esperando por você!
Então eu me joguei nos braços de White e o abracei bem forte. Como posso me apegar tão rápido a esses rapazes? Eu acabei de conhecê-los!
White me abraçou, no começo meio arredio, mas depois ele me apertou forte entre seus braços e eu respirei fundo, tentando controlar a súbita vontade de chorar, odeio despedidas.
Quando saí de seus braços eu encontrei March à minha espera, foi a primeira vez que o vi sem um sorriso nos lábios desde que encontramos o Stan. Eu o abracei também, ele foi mais receptivo que White.
— Você pode fechar os olhos e se lembrar de nós sempre que quiser, docinho — disse Cat, quando me virei para ele.
— Docinho? Bem, com certeza vou querer me lembrar disso — brinquei, ele riu e me abraçou apertado em seguida.
White resmungou alguma coisa quando nos separamos e eu percebi que ele olhava para o sol, que estava terminando de se por. Ao longe de uma montanha nós pudemos ver o exército aparecer, eu comecei a me desesperar, mas Cat me segurou pelos ombros e sorriu, um gigantesco sorriso tão afável e carinhoso que eu logo me esqueci de me desesperar.
— Vá! Vá agora, Allin! — gritou White, ele abriu a portinha minúscula e jogou o bolo pequenino lá para dentro, a garrafa estava em minhas mãos, mas eu não estava pronta para ir, sentia que faltava algo muito importante.
Foi quando vi Mad quietinho atrás de March, ele olhava para todos os lados, preocupado e agitado, meu coração se apertou, o exército se aproximava cada vez mais rápido, mas ignorei o meu bom senso e corri para Mad, ele suspirou aliviado quando eu o abracei.
— Pensei que havia se esquecido de mim — ele sussurrou.
— Nem em um milhão de anos — murmurei em resposta.
— Allin!! — gritou White, desesperado.
— Beba, beba agora — ordenou Mad, mas não me soltou.
— Mad — murmurei desolada, mas o obedeci quando seu olhar de reprimenda se tornou feroz.
Abri a minúscula garrafa e bebi todo o conteúdo que tinha dentro, a princípio não senti nada, olhei intrigada para Mad, seus olhos lacrimejavam e meu coração se comprimiu.
Então, antes que o exército se aproximasse mais, antes que eu ficasse tão pequena quanto um caroço de feijão, eu fiz o que jamais faria na vida real. Eu o beijei.
A comoção foi geral, ouvi os arquejos surpresos de Cat, March e White. Mad ficou espantado com a minha ação, mas não demorou para que ele segurasse meu rosto com as duas as mãos e me beijasse de volta, com toda a paixão e intensidade que um dia eu sonhei em ter do Mad Hatter da vida real.
Eu encolhi, literalmente, nos braços de Mad. Fiquei do tamanho do seu dedo médio, ele me encarou com os olhos brilhantes e me segurou na palma de sua mão.
— Okay, eu vou levá-la para a porta antes que seja tarde demais. Não se esqueça de mim, Allin Broke, você estará sempre em meus pensamentos — ele murmurou a medida que caminhava em direção à porta.
Mad me deixou na entrada, olhei para os quatro rapazes que me encaravam e, ao longe, na entrada da Floresta Densa, eu consegui ver Cater Pillar acenando com uma mão e segurando o narguilé com a outra, ele me fez sorrir. Acenei uma última vez para os rapazes e fechei a porta à minha frente.
A sala era enorme, estava iluminada, mas eu não sei como. O bolo foi parar longe e eu tive que correr para alcançá-lo, ele estava do meu tamanho, o que era bizarro e ao mesmo tempo deliciosamente tentador.
Como White mandou, eu comi um pedacinho pequeno, enquanto esperava o efeito do bolo, eu me sentei em um canto e me lembrei dos lábios de Mad sobre os meus, por sorte eu comecei a crescer antes que resolvesse voltar para os braços de Mad.
Enquanto sentia meu corpo se esticar, eu fechei os meus olhos e imaginei estar deitada em minha cama, como eu me lembro de estar antes de vir parar no País das Maravilhas.
Quase chorei quando as minhas cobertas roçaram os meus braços e pernas nus, mas não abri os olhos, apenas me lembrei deles e deixei que as lágrimas de despedida corressem pelo meu rosto.






"Você é o homem certo para mim."




"Eu sabia quem eu era esta manhã, mas eu mudei algumas vezes desde então."
  




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